terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nos tempos do samba e das modas

Velhos tempos e viagens constantes para Osasco, São Paulo. Quando meu pai falava que iríamos visitar minha tia, eu logo abria um sorriso tímido. Ficava inquieto no carro, perguntando de modas de viola e rodas de samba. A casa da minha tia era uma espécie de playground. Tinha música pra todos os mais variados gostos. Era lá que escutava os primeiros discos dos Rolling Stones. Quando chegava lá não queria saber de outra coisa a não ser ir para o bar da rua de cima. Acontece que lá se encontravam violeiros e sambistas em dias alternados. Comecei a frequentar com meu pai quando era um garoto levado de 8 anos. Os olhos brilhavam diante de tantas proezas na viola, improvisos e sorrisos dos mais animados. Quando tinha uma roda de samba, eu dividia uma atenção minunciosa entre a vela no meio da roda e o maravilhoso samba que era construído. Quando a vela acabava, o samba também se findava, sem mais palavras.
Ainda lembro de velhos amigos de lá, Zé Tijuca, Paulistinha, muitos outros. Ganhei também meu apelido: o Galeguinho.
Passou algum tempo e queria participar de tudo aquilo. Eu comecei com a percussão. Bongôs, congas e pandeiros. Tocava eu do lado do Zé Tijuca, e como tocava esse Zé, incrível nas congas e no pandeiro. E como se esquecer do Joca Chorão. Tocava um violão como ninguém, era um especialista em cordas. O apelido "Chorão" veio de um dia que ele tocou um acorde tão belo que deixou uma lágrima rolar. E muitos outros malandros conheci.
Nas modas de viola não era diferente. Lá meu pai mostrava talento, já que adorava uma boa música caipira de raiz. E sempre estava lá.
Hoje é mais complicado passar por lá, mas aqui dentro deste peito ficaram as saudades, saudades do garoto peralta que assistia atento, sempre querendo aprender algo mais.
Prometo que ainda volto lá para um bom improviso, desde que exista um bom tema é claro. E para uma boa moda de viola, vou acompanhar com todo prazer.
(Em memória do Zé Tijuca, grande)